"Frigidez" - Novas informações importantes  

 

"Doutor, meu problema é a frigidez. O que o senhor me recomenda?"

 

Essa pergunta, colocada de maneira tão fria e simples assim, tem sido um dos maiores desafios à ginecologia e à psiquiatria. Trata-se mais de uma confissão constrangida do que uma queixa médica. O problema vem geralmente acompanhado de sentimentos de frustração, vergonha, mágoa e, às vezes, culpa. A pessoa sente como se a parte psíquica que desperta o interesse pelo sexo estivesse morta ou desligada, não raro sente injustamente que a culpa é sua falta de determinação ou entusiasmo.

Por questão acadêmica a Frigidez deve ser diferenciada da falta de orgasmo. Muitas mulheres não conseguem experimentar orgasmo mas continuam tendo prazer e interesse sexual. Os problemas que envolvem o desempenho sexual feminino podem ser agrupados sob o título de Disfunção Sexual Feminina onde se inclui o Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo.

Na absoluta maioria dos casos, o desinteresse pelo sexo está ligado a fatores psicológicos, sendo um dos motivos mais reclamados a monotonia conjugal. Estudo populacional com 356 mulheres entre 20 e 70 anos identificou que a diminuição do desejo ocorre mais freqüentemente nos relacionamentos mais longos. Por outro lado, entre as mulheres que relatam maior satisfação com seu parceiro a diminuição do desejo sexual foi bem menos provável (Hayes, 2008).

Outros fatores relacionados ao desinteresse sexual e sobejamente conhecidos por todos são a educação recebida, a falta de diálogo, práticas sexuais pouco gratificantes e outras. O próprio envelhecimento e as dificuldades do cotidiano também podem interferir na satisfação sexual. A maioria das pacientes não procura o especialista para saber se tem frigidez, elas já vem ao consultório sabendo que têm. A expectativa delas é saber se existe uma fórmula mágica para o problema.

Fazer um diagnóstico correto é muito importante. Boa parte das vezes o problema tem origem emocional e entre as questões emocionais o problema pode ser muito mais da outra pessoa do que da paciente. Geralmente essa outra pessoa não aceita sua parcela de culpa e vive "obrigando" a mulher a procurar um tratamento, preferentemente milagroso.

A falta ou diminuição do desejo sexual pode também estar ligada a problemas orgânicos, como por exemplo, alterações hormonais, debilidade física por conta de outras doenças ou até mesmo pelo uso incorreto de medicamentos(* veja a lista em – medicações que diminuem o desejo sexual – clique aqui) .

Nossa cultura tem forte apelo para um desempenho sexual obrigatoriamente fogoso e, dessa forma, qualquer diminuição na vontade de fazer sexo é considerada impotência ou frigidez, quase uma invalidez sexual.

Há ainda questões orgânicas que não podem ser confundidas com Transtorno Sexual Hipoativo. É o caso, por exemplo, do vaginismo e da dispareunia, que causam dor à penetração, portanto, comprometendo irreparavelmente a excitação sexual, além de poder levar ao medo de sexo ou à fuga total das atividades sexuais.

O grande desafio está na precisão dessas queixas, saber se o que as pessoas se queixam são problemas da função sexual propriamente dita, ou da satisfação com o sexo que têm. A questão é complexa porque o que vemos é uma espécie de "doença relativa", se fosse possível esse termo, isto é, muitas vezes trata-se de uma mulher com desempenho sexual aquém daquilo que seu companheiro espera dela, ou vice e versa. Pesquisa com 5.463 mulheres entre 18 e 49 anos mostrou que a presença de dificuldades sexuais se relaciona a maior probabilidade de desarmonia conjugal, comparando-se com mulheres sem esses problemas (Witting, 2008).

Entre as queixas sexuais femininas o que se observa é que a maioria delas, 33%, de fato diz respeito ao déficit de desejo sexual. Em segundo lugar a falta de orgasmo – anorgasmia – com 24% das queixosas, seguido pelas dificuldades de excitação e/ou lubrificação, com 20%, dor vaginal na relação – dispareunia – com 15% e o restante com outras queixas. A prevalência dos transtornos sexuais femininos é extremamente elevada e, muito provavelmente, superior à prevalência das disfunções sexuais masculinas.

O desejo sexual é um fenômeno subjetivo extremamente complexo, para cuja origem contribuem significativamente as fantasias sexuais, os sonhos sexuais, a iniciação do comportamento sexual, a receptividade ao e do par sexual, as sensações genitais, as respostas aos sinais eróticos no meio ambiente e muitos outros fatores.

Muito ao contrário do que pensam alguns, o desejo sexual do ser humano adulto, maduro e consciente não se resume à simples pulsões fisiológicas, tal como é o caso da vontade de comer ou da vontade de beber. Sexo por impulso, ou seja, exclusivamente biológico, acontece nos animais e no ser humano imaturo, biológica ou mentalmente. No ser humano maduro e consciente considera-se que o desejo sexual seja um complexo vivencial formado por três componentes principais; a biologia, a psicologia e a socialização. Interessa aqui esses três componentes interagindo continuamente uns com os outros.

A expressão "desejo sexual" envolve a inclinação humana para o comportamento sexual, o qual tem início tanto na cultura, através da motivação sexual, como na pessoa, através do impulso sexual.

Algumas circunstâncias podem ter um efeito prejudicial sobre um desejo sexual originariamente normal, como por exemplo, a expectativa ou medo de sofrer dor durante a penetração (dispareunia), ou os problemas relacionados à imagem corporal e à autoestima, ou ainda as justificadas preocupações com as adversidades cotidianas.

Os transtornos depressivos lideram a lista das circunstâncias emocionais adversas que interferem na vontade, na energia e no prazer em quase todas as atividades humanas, especialmente na atividade sexual.

 

Fonte : Psiqweb - G J Ballone, excelente site, consulte !

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