Fibras Alimentares : o que são ? Por que são importantes para nossa saúde ?  

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Fibra Alimentar é a porção de plantas ou carboidratos análogos que são resistentes à digestão e absorção no intestino delgado de humanos, com fermentação completa ou parcial no intestino grosso.

O termo fibra alimentar inclui polissacarídeos, lignina, oligossacarídeos e substâncias associadas de plantas promovendo benefícios fisiológicos (American Dietetic Association - ADA, 2002).

Entre as propriedades fisiológicas atribuídas às fibras estão: redução do colesterol sérico, modulação da glicemia e propriedades laxativas (Brennan, 2005). De acordo com a solubilidade em água a fibra alimentar é classificada em 2 grupos distintos: fibras solúveis e fibras insolúveis e sua atividade fisiológica é determinada com base na solubilidade (Catalani et al., 2003; Brennan, 2005). A National Academy of Science, em 2003, propôs duas novas subdivisões que são: ‘fibra alimentar’ – intrínseca e intacta das plantas e ‘fibra adicionada’ – carboidratos não digeríveis que foram isolados, fabricados ou que são sintéticos (Food and Nutrition Board, 2001). Porém esta definição não é muito utilizada, prevalecendo as categorias solúveis e insolúveis.

A Fibra Alimentar Total (FAT) está presente nas paredes das células vegetais, principalmente na parte periférica ou casca, conferindo firmeza e estrutura ao alimento vegetal. O principal local de digestão e absorção de nutrientes é o intestino delgado, assim a manipulação dietética que provoca uma alteração neste ambiente, afetará a digestibilidade dos alimentos consumidos, assim como da composição das fezes. As fibras alimentares têm como características comuns não serem digeridas no intestino delgado e serem fermentadas no intestino grosso. As propriedades fisicoquímicas, enquanto passam pelo trato digestório, é que afetam o metabolismo de certos nutrientes e a regulação de algumas doenças.

 

Fibras alimentares e manutenção da saúde

As fibras alimentares têm demonstrado benefícios à manutenção da saúde e prevenção de doenças. Segundo posicionamento da American Dietetic Association de 2002, o consumo de fibras alimentares totais deve ser de 20 a 35g por dia ou 10 a 14g de fibras/1000 kcal(American Dietetic Association - ADA, 2002).

São vários os benefícios atribuídos ao consumo adequado de fibras alimentares, verificados através de estudos clínicos e epidemiológicos da American Dietetic Association – ADA (2002), como por exemplo:

 

1) Diminuição do colesterol:

As fibras responsáveis pela diminuição do colesterol são as beta-glucanas presentes no farelo de aveia, cevada e no psyllium, que já foram estudadas e receberam a aprovação da Food and Drug Administration, que autorizou a declaração de alimento benéfico à saúde. Os alimentos que contém pelo menos 0,75g de beta-glucanas/porção e 1,7g de psillyum/porção podem reduzir o risco de doenças do coração (FDA, 2001). Um estudo com 68 indivíduos hiperlipidêmicos avaliou a eficácia de uma dieta padrão acrescida de fibras solúveis, na forma de beta-glucanas e psyllium, na redução do colesterol plasmático. Os resultados demonstraram que a dieta enriquecida com fibras solúveis reduziu os níveis de colesterol total (2,1 ±0,7%; p = 0,003), LDL colesterol (2,4 ± 1,0%; p = 0,015) e apolipoproteína (1,4 ± 0,8%; p = 0,076). A redução dos níveis séricos de lipídios diminui os fatores de risco para doenças cardiovasculares. O estudo suporta a declaração de alimento benéfico à saúde, feita pela FDA (Jenkins et al., 2002).

 

2) Prevenção da constipação, da diverticulose:

Na prevenção da constipação as fibras agem aumentando o volume das fezes, pela captação de água e pela fermentação parcial das mesmas, normalizando o trânsito intestinal (Kurasawa, Haak, Marlett, 2000) e através da produção de quantidade suficiente de massa fecal no cólon e diminuição da força de contração na propulsão das fezes, havendo uma diminuição dos riscos de diverticulose (American Dietetic Association - ADA, 2002).

 

3) Aumento da saciedade:

Com relação ao aumento da saciedade, as refeições ricas em fibras são processadas mais lentamente do que as isentas de fibras, além disso, apesar de serem de grande volume são de baixa densidade calórica, o que limita a ingestão energética (Rolls et al., 1999).

 

4) Redução do risco de diabetes tipo 1, 2 e doenças cardiovasculares:

Com relação ao aumento da saciedade, as refeições ricas em fibras são processadas mais lentamente do que as isentas de fibras, além disso, apesar de serem de grande volume são de baixa densidade calórica, o que limita a ingestão energética (Rolls et al., 1999). Evidências experimentais têm demonstrado que a ingestão de fibras solúveis retarda o esvaziamento gástrico e a digestão e diminui a absorção de glicose, beneficiando diretamente a glicemia pós prandial de portadores de diabetes (Chandalia, 2000). Um estudo de coorte demonstrou relação inversamente proporcional entre a ingestão de fibras de cereais e o risco de Diabetes Mellitus tipo 2 em homens (Salmeron et al., 1997). Na mesma linha de pesquisa, anos mais tarde, Giacco et al. (2000) publicaram um estudo onde avaliaram o efeito de uma dieta rica em fibras, através de alimentos naturais, sobre a glicemia e eventos de hipoglicemia em portadores de diabetes tipo 1. O estudo avaliou 63 indivíduos randomizados que receberam dieta rica ou pobre em fibras (50 e 15 g de fibras/dia, respectivamente), principalmente solúveis, por 24 semanas; sendo que as porcentagens de carboidratos, proteínas, lipídeos e colesterol eram as mesmas para os dois grupos. Foram avaliados, LDL colesterol, HDL, hemoglobina glicosilada e glicemia pós prandial. Os resultados mostraram que, comparada com a dieta pobre em fibras, a dieta rica em fibras reduziu significativamente a glicemia pós prandial, a hemoglobina glicosilada e o número de episódios de hipoglicemia (Giacco et al., 2000).

 

O que são Fibras insolúveis

As fibras insolúveis contribuem para o aumento do volume fecal por retenção de água, reduzindo o tempo de trânsito intestinal, a absorção de glicose e retardo da hidrólise do amido. São encontradas (Catalani et al., 2003):

·         no farelo de trigo;

·         cereais integrais;

·         raízes;

·         hortaliças.

O farelo de trigo e a celulose presente nos vegetais aumentam o peso fecal úmido sendo particularmente indicados para promover melhora da função intestinal, o que pode explicar seu efeito na absorção diminuída de triacilgliceróis e colesterol (Stark, Mayers, 1995).

 

O que são Fibras solúveis

As fibras solúveis têm alta capacidade de retenção de água e possuem a propriedade de formar géis em solução aquosa. Na indústria de alimentos, têm a propriedade de alterar a viscosidade de produtos alimentares e por isso são denominadas gomas ou hidrocolóides (Brennan, 2005). Uma vez no estômago e no intestino delgado, as fibras solúveis aumentam a viscosidade do bolo alimentar, diminuindo a atividade de certas enzimas digestivas, influenciando diretamente na taxa de digestão e absorção de nutrientes (Endress, Fischer, 2001; Cameron-Smith, Collier, O´Dea, 1994). Esta influência está diretamente ligada à moderação da glicemia pós prandial e resposta insulínica, redução do colesterol e regulação do apetite (Davidson et al., 1998; Antilla; Sontag-Strohm; Salovaara, 2004). São exemplos destas:

·         Pectina;

·         Gomas e Mucilagens;

·         Psyllium;

·         Beta glucanas.

 

A dieta fornecida juntamente com a fibra

Também é um fator limitante nos estudos, pois interfere no metabolismo, podendo mascarar o efeito da fibra. A maioria dos estudos utiliza ambientes e dietas altamente controlados o que não reflete verdadeiramente a resposta metabólica diária. Há necessidade de estudos em humanos no seu ambiente normal e consumindo sua dieta habitual, para que se tenha noção do quanto a fibra, incorporada a uma refeição completa, pode interferir na resposta glicêmica. Indivíduos que apresentam doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes podem se beneficiar com dietas ricas em cereais como a aveia e a cevada, os quais podem alterar positivamente o metabolismo de carboidratos e lipídios. Mais estudos são necessários nesta área, em indivíduos portadores de diabetes sob insulinoterapia intensiva e, de preferência, em ambientes não controlados.

 

Referência des te artigo.: Visão retrospectiva em fibras alimentares com ênfase em betaglucanas no tratamento do diabetes

Giane Sprada Mira, Hans Graf, Lys Mary Bileski Cândido

Departamento de Clínica Médica, Universidade Federal do Paraná, Departamento de Nutrição e Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal do Paraná

 

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